Na sociedade atual, caracterizada pelo avanço industrial e tecnológico, o crescente gosto pelos trabalhos artesanais expressa a necessidade humana de manter laços com os modos de vida que marcaram sua existência desde os remotos tempos pré-históricos.
Um dos principais conflitos existentes no interior dos grupos que trabalham com o artesanato são as diferentes e antagônicas visões sobre a necessidade renovação da oferta de produtos como modo de dinamizar as relações comerciais entre os artesãos e o mercado, gerando incremento de trabalho e de renda.
Para muitos, o surgimento de novos produtos deve ser resultante de um processo espontâneo de criação dos artistas populares, que diante das mudanças no ambiente em que vivem, procuram externar suas impressões pessoais plasmando na matéria uma visão singular, porém compatível com o repertório estético e cultural de seu contexto social.
A questão que se coloca é como intervir sem descaracterizar, valorizando e reforçando estas tradições regionais, a habilidade dos artesãos, e as relações existentes no interior dos grupos enfocados.
A questão que se coloca é como intervir sem descaracterizar, valorizando e reforçando estas tradições regionais, a habilidade dos artesãos, e as relações existentes no interior dos grupos enfocados.
As áreas de sobrevivência do artesanato popular brasileiro se concentram no Nordeste, principalmente no sertão do Ceará, Pernambuco e Bahia. Nessas cidades, o artesanato ocupa centenas de famílias que em seus trabalhos reproduzem cenas e tipos populares regionais.
Além de caracterizarem a cultura da área em que são produzidos, esses trabalhos também refletem o relacionamento do artesão com o meio ambiente, conforme demonstram os materiais empregados, como a madeira, nas carrancas do São Francisco, o barro, na cerâmica nordestina em geral, e as fibras animais e vegetais, na cestaria indígena.
Artesanato e Design
Artesanato e Design parecem pertencer a mundos distintos. O design é conceitual e voltado para a inovação. O artesanato é especializado e voltado para produção em pequena escala, com suas irregularidades e variações. No entanto, apesar dos produtos industriais sejam dominantes, os objetos artesanais continuam em pequena porcentagem, porém persistentemente presentes. Não se trata apenas de reminiscências tradicionais, mas de objetos artesanais novos e únicos, feitos em suas oficinas por artesãos contemporâneos, com formação em design.
Ao aproximar criação e realização, cuja união foi rompida pela indústria, os artesãos contemporâneos propõem uma abordagem diferente das relações entre artesanato e design.
Sua nova abordagem evidencia a criatividade dos ofícios artesanais direcionada à produção variada e em pequena escala. É importante reafirmar a elaboração do design, da sua familiaridade com os materiais e os métodos produtivos.
Sua nova abordagem evidencia a criatividade dos ofícios artesanais direcionada à produção variada e em pequena escala. É importante reafirmar a elaboração do design, da sua familiaridade com os materiais e os métodos produtivos.
A maior questão é intervir nos métodos de produção, evidenciando, valorizando e reforçando, sem descaracterizar as tradições regionais, a habilidade dos artesãos, e as relações existentes no interior dos grupos enfocados. O design no processo de fabricação integrado a outros processos envolve a produção de bens culturais, disseminados através dos meios de comunicação de massa, impondo formas universais de comportamento e consumo, que funciona como um sistema mercantil.
O artesanato possui estereótipos populares que desencadeiam em uma concepção errônea de que são os artigos vendidos em feiras para o turismo, a cultura de determinada região. Ele carrega características da cultura popular de um determinado grupo de pessoas ou região, símbolos, crenças, entre outros. O artesão prevê como ficará seu trabalho, o designer cria trabalhos e pode alterar durante o seu processo os caminhos ou combinações. A diferença entre o artesanato e o design, está no processo de criação e fabricação. Quanto menor é o processo de escala de produção de peças únicas, o seu valor tende a ser maior. O design toma do artesanato a exclusividade da criação de seus produtos, busca características, elementos agregando valores a eles, isso dá o designer o interesse na inovação ou melhoria de um produto.
Observa que o design é atuante e cada vez mais fundamental em todas as áreas, como também no artesanal. Já que o design pensa no projeto como um todo. Não apenas cria uma peça mais "bonita". O design está dentro do processo de criação e também na finalização.
Podemos apresentar alguns designers que adotam como base dos seus produtos e idéias o artesanato: Domingos Tótora, que utiliza o papelão como arte, reutilizando sem prejudicar o meio ambiente. Todas as cores, formas e texturas são inspiradas na natureza. E Gilberto Paim, ceramista.
A diferença ente design e artesanato, reside justamente no fato de que o designer se limita a projetar o objeto para ser fabricado por outras mãos, ou de preferência por meios mecânicos.
Centro de Mesa – Domingos Tótora
Disponível em: < http://style.greenvana.com/2010/a-arte-de-papelao-reciclado-de-domingos-totora/> Acesso em: 26 de Jun
Vaso Esfera Frisos – Domingos Tótora
Vasos ovais com tramas finas – Gilberto Paim
Disponível em: http://www.gilbertoeelizabeth.com.br/portugues.htm Acesso em: 25 de Mai. 2011
Disponível em: http://www.gilbertoeelizabeth.com.br/portugues.htm Acesso em: 25 de Mai. 2011
Tigela com interior ocre e Vaso preto e ocre com urdume.
Disponível em: <http://www.gilbertoeelizabeth.com.br/portugues.htm> Acesso em: 25 de Mai. 2011
Disponível em: <http://www.gilbertoeelizabeth.com.br/portugues.htm> Acesso em: 25 de Mai. 2011
Exemplo de Artesanato ligado ao Design
No interior do amazonas existe um projeto social onde seu objetivo é unir designers e Artesões o processo e feito da seguinte forma: Os designers recebem a madeira, idealizam um projeto e passam para os artesões, o fabricá-lo. Assim o resultado é uma peça única, posteriormente como já falado, o processo de artesanato nunca sai uma peça idêntica a outra.
Portanto o Projeto Design Tropical da Amazônia, desenvolvido pela Fundação Centro de Análise, Pesquisa e Inovação Tecnológica (FUCAPI), resíduos florestais ganharam conceitos de arte. O projeto existe há 10 anos, e ao longo de sua existência, produziu mais de 4 mil peças. Essas peças expõem trabalhos de artesãos da região para o mercado nacional e internacional, assim como também possibilita a valorização da sustentabilidade florestal.
DIFERENÇA ENTRE ARTE E DESIGN DE INTERIORES
Denomina-se arte formas de expressão em que o artista deseja estabelecer alguma comunicação com a, ou as pessoas. Essas formas de expressões podem ser caracterizadas por objetos, como quadros, esculturas, ou, por performance, instalações, dentre várias outras opções que podem ser utilizadas pelo artista.
De acordo com Saul Martins no seu livro “Contribuição ao estudo do Artesanato”, artesanato é o objeto que traz o estilo do artesão e uma característica única, ou seja, o mesmo artesão pode utilizar os mesmos materiais que cada objeto será único, com características próprias, mas em todos terá o estilo da pessoa que o fez.
Para Saul, “o artesanato desperta as aptidões latentes do obreiro e aprimora-lhe o intelecto... Se o artesão, além de habilidade manual, possuir talento e sensibilidade, aí então ele vira artista. Desse modo, sua experiência artesanal seria apenas uma fase de formação artística.”
Design, como diz a origem da palavra em latim designare significa verbo que abrange ambos os sentidos, o de designar e o de desenhar. Na língua inglesa, o substantivo design se refere tanto à idéia de plano, desígnio, intenção, arranjo e estrutura. Podemos definir que design é uma atividade que gera projetos.
A distinção entre design e artesanato está no fato de que o design se limita a projetar o objeto e o artesão fabrica esse objeto. Hoje, com a maturidade dos designers, muitos perceberam o valor de resgatar antigas relações como o fazer manual e não somente dar atenção a objetos industrializados.
Bibliografia
MARTINS, Saul. Contribuição ao Estudo Científico do Artesanato. Belo Horizonte. Imprensa Oficial do Estado de Minas Gerais. 1973
CARDOSO, Rafael. Uma introdução à história do design. São Paulo: Editora Blucher. 2008
Disponível em: <WWW.eba.ufmg.br/alunos/kurtnavigator/arteartesanato/artesanato.html> Acesso em: 24 de Jun. 2011
Disponível em: < http://www.ceramicanorio.com/miscelanea/gilbertopaimidentartesanal/gilbertopaimidentartesanal.htm> Acesso em: 23 de Jun. 2011
Disponível em: < http://style.greenvana.com/2010/a-arte-de-papelao-reciclado-de-domingos-totora/> Acesso em: 23 de Jun. 2011
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